- Área: 1279 m²
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Fotografias:Federico Cairoli
LOCAL
O Boulevard Gálvez é o corredor emblemático da cidade, um jardim botânico linear que se estrutura em uma seqüência de locais e edifícios de grande valor ambiental-patrimonial: em seu início a leste da Ponte Suspensa, continua com a ex-Estacão do FFCC Belgrano, o antigo Mercado Progreso e a Plaza Pueyrredón, o conjunto industrial em desuso do Molino Franchino, hoje transformado em Fábrica Cultural. Precisamente, o processo encarado nos últimos anos de recuperação e posta em valor destes edifícios os transforma em ícones urbanos, impulsionando fortemente a transformação do entorno em seu conjunto. Neste marco, o Molino Franchino e a Fábrica Cultural começam a produzir mudanças no entorno, este bairro, uma mistura de habitações antigas e novas, antigas fábricas ou depósitos abandonados ou transformados em comércio, hoje já mostra sinais de transformação.
PREMISSAS
A operação projetada consiste na recuperação do envoltório de um antigo salão comercial sobre a esquina - vestígio das construções típicas em esquina do início do século passado. Se estabelece um contraponto ao dispor na parte de trás do lote remanescente, uma semi-torre com 3 fachadas livres: a frente ao sul com vistas ao Boulevard, ao oeste até a rua 25 de Mayo, ao norte para a Av. Aristóbulo del Valle, continuação da rua 25.
FORMULAÇÃO CONCEITUAL
O auge da construção como ferramenta de investimento, gerou um processo especulativo que impacto fortemente - em muitos casos de forma negativa - o desenvolvimento urbano.
Pensar a construção de um conjunto de edifícios partindo dos recursos essenciais do habitar em um tempo e lugar fortemente caracterizados, mostra-se como uma opção de mero interesse especulativo. Esta opção procura redescobrir as potencialidades, as energias subjacentes nos bairros, ruas, praças, parques, entorno natural e habitantes.
Em nossa cidade, a transformação de áreas supõe uma transformação de grande complexidade. O surgimento de infraestruturas de grande escala em uma paisagem urbana contemporânea, permite ensaiar novas formas de vida. Assim, a partir do ponto de vista da cidade tradicional é um território poluído acústica e ambientalmente, transforma-se nas alturas em uma paisagem sublime, dominada por uma localização bem comunicada, rodeada de parques equipados, comércio de primeiro nível, áreas esportivas e equipamentos culturais.
A PROPOSTA
Um edifício de alto rendimento e máxima flexibilidade, resultou em um pavimento único com diversas alternativas de combinação ou uso: habitação, estúdios e escritórios. Em todos os casos, os ambientes possuem iluminação e ventilação natural cruzada; além de contar com amplos espaços semi cobertos de uso exclusivo e um núcleo que funciona como espaço intermediário entre o privado e a rua.
Entre outras coisas, viver e trabalhar em um mesmo espaço urbano contribui assim a uma distribuição mais equitativa de centralidade da cidade, significa aproveitar as paisagens memoráveis, com maior acessibilidade, junto a melhores equipamentos e melhores condições ambientais. Para os arquitetos, isso acarreta um trabalho responsável, de análise sobre a cidade como cenário principal do exercício profissional e o papel do projeto arquitetônico nos processos de configuração e transformação do espaço físico.